PELAGENS BRANCAS

        Doroteia era do tipo antigo, onde a palavra proferida valia mais do qualquer documento timbrado, assinado, registrado. Em suas reflexões prestava muita atenção no que as pessoas diziam, para ela muito do que somos herdamos de nossa família, pais, avôs e ancestrais que nem ouvimos falar. Não a agradava viver naquele mundo tão injusto, onde pessoas feriam os sentimentos alheios por pensar em seu bem estar momentâneo; falsas promessas, juras e compromissos firmados com eloquência como jamais visto e ouvido antes no cosmos.

"Com artimanhas malévolas de aparência graciosa, o indivíduo introduz pseudo sentimentos naqueles que não têm seu coração dominado pela maldade. Dessa maneira conseguem tudo o que querem, pois não há limites em seus atos usurpadores". Infelizmente havia pessoas no mundo que eram assim. Não havia como prever quando e aonde elas iriam cruzar seu caminho.

           O que se sabe é que aquelas tinham "pelagens brancas" e aparência frágil. Prometiam revirar o mundo ao avesso se preciso para lhe convencer sobre seus tais sentimentos nobres. Após atingirem sua metas saiam de cena satisfeitas, como se nada tivesse acontecido.

         Pobre se suas vítimas, dignas de compaixão divina; por guardarem  as promessas não no bolso, mas sim dentro de sua alma próximas do coração. Dessa forma, as vítimas que expressavam seus mais nobres sentimentos e que acalentou no frio do verão e protegeu do calor do inverno, mesmo não tendo nenhuma pelagem. Que Andou por vales sombrios e labirintos desconhecidos, quando muitos diziam estar na contramão. Transformou o peito em abrigo seguro, local de águas tranquilas, ao meio de um oceano de lágrimas. Tudo se fazia devido à confiança depositada e as palavras guardas. Aquelas eram verdadeiras vítimas, deixadas em corte exposto, sangrando ao léo. 

      Na sociedade atual há muitas pessoas  similares, narradas por Doroteia, valores da sublimes parecem que não existem mais. Na realidade há pessoas que nascem defeituosas e sem coração; destinadas a provocar martírio, consumir outrem e pensar somente em si próprias, incitar o sofrimento alheio para que possam serem felizes. 

           Sendo assim, prefiro pensar como Doroteia, ser do tipo antigo, que a palavra proferida vale mais do qualquer circunstancias, viver neste mundo cheio de ódio e sentimentos inferiores é desafio cotidiano, e esperar fielmente na justiça do altíssimo é o socorro mais prudente.